Estrangeiros são cobiçados pelo Brasil

Mesmo que tenha sido exaustivamente repetida há alguns anos, a expressão \"bola da vez\" ainda é uma das melhores para definir a condição dos países emergentes no cenário mundial. O Brasil não foge à regra. O aquecimento da economia vem se revertendo em oportunidades abundantes de negócios e emprego, mas também revela o despreparo do mercado de trabalho para suprir a demanda de áreas como TI e construção civil, para falar das mais conhecidas. Essa carência de pessoal especializado vem apontando um quadro não muito favorável para o profissional brasileiro. No dicionário de RH, a expatriação - ou seja, o profissional enviado daqui para trabalhar no exterior - começa a dividir espaço com a \"impatriação\", neologismo usado para definir os talentos que saem do país de origem, onde a matriz da empresa está instalada, para trabalhar na subsidiária brasileira. \"Em 2008, o Ministério do Trabalho e Emprego emitiu cerca de 25 mil permissões para profissionais trabalharem no Brasil. Em 2010, esse número praticamente dobrou e a tendência para os próximos cinco anos é de que seja incrivelmente maior\", alerta Diogo de Farias, presidente do Gadex - Grupo de Administração de Expatriados, composto por grandes empresas com políticas consolidadas na área de expatriação. A concorrência da mão de obra estrangeira também aumenta com o alto índice de desemprego nos países mais afetados pela crise econômica, que tem levado seus profissionais a olharem para o Brasil como rota alternativa de trabalho. Segundo AnnieRossier-Renaud, consultora sênior da consultoria global Mercer, ainda que seja desafiador encontrar profissionais capacitados para as expatriações, o ambiente econômico e a alta taxa de desemprego parecem ter ampliado o número de candidatos. \"Muitos deles estão muito interessados em se mudar para um país menos afetado pela crise\", avaliou, ao comentar, em setembro passado, os resultados da pesquisa Transferências Internacionais 2010 (veja quadro). Isso sem falar que, em alguns setores econômicos, as empresas brasileiras podem pagar remunerações melhores do que as que os profissionais recebem em dólar ou euro. \"Esse fluxo vai demandar estudos de adaptação da legislação brasileira relativa ao visto de entrada para trabalhar por aqui. Tal adaptação pode ser temporária, até que nós, brasileiros, consigamos formar quadros para ocupar determinadas posições\", avalia o diretor de Relações Corporativas Internacionais da ABRH-Nacional, Nelson Savioli. Farias e Savioli compartilham a ideia de que, no Brasil, a deficiência na educação formal e a falta de qualificação profissional compõem a principal causa dessa concorrência. \"Isso se dá na proporção em que governos, entidades de classe, escolas e empresas não tomaram medidas precoces para capacitar os brasileiros\", alerta Savioli, citando o caso da indústria naval, que foi praticamente desativada e, hoje, diante da demanda por centenas de profissionais para operar de imediato, \"importa\" dekasseguis de estaleiros japoneses. A solução está em mudança nas políticas públicas. \"Esse é certamente um ponto de atenção ao nosso governo para que, em uma ou duas décadas, possamos manter o crescimento sustentável. Se levarmos em conta que, em 2030, o país terá menos jovens do que hoje, precisamos educar mais aind
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