Conexão Brasil x Portugal: O papel fundamental do líder na retenção de talentos

Na minha trajetória de mais de 20 anos como profissional de Gestão de Pessoas, Coaching e Headhunter, pude perceber que a variável que mais faz com que os profissionais fiquem nas organizações é o líder direto.

 

Já vi muitos profissionais permanecerem em empresas praticamente falidas porque acreditavam no líder, sentiam-se seguros, viam perspectivas – incrível, não é! – e  entendiam aonde podiam chegar através do olhar do seu líder.

 

Na outra ponta, muitos talentos deixam empregos porque seu líder direto não converge com seus anseios, não comunica, não tem empatia, não apoia seu desenvolvimento e, principalmente, não se envolve.

 

Muitas excelentes empresas não se dão conta desta debandada de gente, cujo custo, de contratação, treinamento e desenvolvimento, é gigantesco, simplesmente porque o líder não foi capaz de agir adequadamente no seu papel.

 

Investir na liderança da empresa é necessidade premente e constante. É preciso falar de liderança, é preciso ensinar liderança, é preciso reciclar líderes. Isto porque todas as equipes de hoje são muito diferentes das equipes de cinco anos atrás. O mercado muda, a tecnologia muda e o desenvolvimento do líder também precisa acompanhar e mudar.

 

Desenvolvimento de liderança pode ser feito ensinando muitas técnicas e instrumentos, que ajudam na gestão das pessoas e dos processos e auxiliam significativamente o líder na sua tarefa diária. Alguns exemplos são: feedback com CNV (Comunicação Não Violenta), resolução de conflitos, gerenciamento de projetos, avaliação de desempenho, Coaching e People Analytics.

 

Mas é importante lembrar que, mais do que técnica, tem muito de sentimento, de verdade, de querer realmente o melhor para o outro, e de se dedicar. Você se lembra dos seus melhores professores? Certamente sua memória  vai resgatar a imagem não do mais bonzinho, permissivo ou que lhe deu as melhores notas. Mas sim um professor que, mesmo sendo enérgico, era correto, com quem você aprendia e em quem você confiava.  

 

O papel essencial do líder é servir. Entender isto derruba metade da arrogância e da prepotência que o poder do cargo pode trazer consigo. Um líder servidor está à disposição do liderado e não o contrário. Ele lê as demandas profissionais e pessoais de cada um e apoia todos.

 

Um líder interessado, busca conhecimento para si mesmo, porque sabe que precisa estar forte para poder servir a sua equipe. Traz consigo um sentimento de pertencimento, dá sentido a ação, mostra propósito e assim, engaja e cria sinergia para geração de valor.

Tem fórmula mágica? Não. Mas olhar pra dentro de si e ver através dos seus sentimentos o outro, mostrar interesse genuíno e buscar seu aperfeiçoamento constante, pode ser um grande passo para exercitar uma liderança melhor e, com isto, ajudar a reter os talentos que fazem a sua empresa acontecer.

Paulo Sérgio de Souza Correa

Presidente da ABRH-SC (Associação Brasileira de Recursos Humanos)

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